O Sol parecia mais quente que o habitual. As tardes de frescobol estavam tão distantes quanto o Corcovado, apenas uma silhueta no horizonte, apesar de estar ali, no mesmo lugar de sempre, com a mesma bermuda de sempre.
Questionou o mar mais uma vez. Por que dessa forma, por que depois de tantos anos, por que tão forte e tão fraco, de uma hora para outra. Não se encaixava na imagem do executivo, sentado ali, olhando o nada, contemplando o outro lado da Baía e lembrando o tanto, e engolindo o nada, e queimando as costas num Sol tão inapropriado para a situação.
Não tem jeito. O que não tem solução, solucionado está, dizia a avó. Suspirou uma vez, tamborilou os dedos no tronco, pegou a camisa caída na areia e deu uma última olhada no Pão de Açúcar, ao levantar.
"Uma pena... uma grande pena", confessou ao tronco, que nada respondeu, assim como o mar.